Mini manual da depressão
Você sabe o que está por trás da depressão?
No Brasil, aproximadamente 6% da população sofre de depressão. O transtorno depressivo pode ser classificado como leve, moderado ou grave. A definição dependerá da intensidade dos sintomas e da avaliação de outros fatores relacionados. A depressão interfere na capacidade de realizar as atividades cotidianas, como trabalhar, dormir, estudar, se alimentar e ter uma boa qualidade de vida.
Pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. Assim, o desenvolvimento do transtorno pode ser influenciado por acontecimentos estressantes, doenças graves e/ou debilitantes, alterações hormonais, remédios, fatores biológicos, estilo de vida, ambiente de trabalho, entre outros.
A característica mais típica dos estados depressivos é a proeminência dos sentimentos de tristeza ou vazio. Mas nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de tristeza. Muitos referem perda da capacidade de experimentar prazer nas atividades em geral, irritação e redução do interesse pelo ambiente. Frequentemente é mencionada também a sensação de fadiga, com a queixa de cansaço exagerado.
Quando deprimida, a pessoa pode apresentar sintomas como rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição das atividades. Também surge alteração na capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse e diminuição da capacidade de concentração. Mesmo nas formas leves de depressão é comum ocorrer uma diminuição da autoestima e da autoconfiança, assim como culpa e ideias de ser indigno. Quando esses sintomas afetam a rotina e a qualidade de vida, é hora de buscar ajuda especializada. O psicólogo é o profissional indicado para investigar com o paciente o que está ocorrendo e elaborar um plano terapêutico.
Os principais sintomas de depressão:
Os sinais de depressão podem variar em cada indivíduo, de acordo com a gravidade e o tipo de depressão. Porém, alguns sintomas recorrentes de depressão estão listados abaixo.
Sintomas psicológicos de depressão:
- Humor deprimido. Caracterizado por desânimo persistente, baixa autoestima e sentimentos de inutilidade;
- Perda de interesse em atividades que antes eram apreciadas;
- Desesperança;
- Sentimento de culpa;
- Dificuldades para raciocinar ou tomar decisões;
- Diminuição da capacidade de se concentrar;
- Irritabilidade, ansiedade e angústia;
- Pensamentos de morte ou suicídio;
- Choro compulsivo;
- Grande esforço para fazer coisas que antes eram fáceis;
- Diminuição ou incapacidade de sentir alegria;
- Sentimentos de medo, insegurança, desespero, desamparo e vazio;
- Interpretação distorcida e negativa da realidade.
Sintomas físicos de depressão:
- Alterações de apetite, que podem causar oscilações de peso;
- Baixa energia/fadiga excessiva;
- Deficiência do sistema imunológico;
- Agitação psicomotora (inquietação);
- Retardo psicomotor (lentidão dos movimentos);
- Distúrbios do sono. Excesso de sono ou insônia;
- Diminuição do desejo e do desempenho sexual;
- Sintomas físicos: dores de barriga, azia, má digestão, diarréia, prisão de ventre, gases, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de pressão no peito.
Sintomas sociais de depressão:
- Isolamento social, vontade de se afastar da família e amigos;
- Falta de interesse em atividades de lazer;
- Redução do desempenho no trabalho ou escola;
- Dificuldades nos relacionamentos interpessoais;
- Propensão à abuso de substâncias;
- Incapacidade de gerenciar tarefas do dia a dia.
Tipos de depressão:
De acordo com a gravidade e intensidade dos sintomas, a depressão pode ser caracterizada como leve, moderada ou grave. A sintomatologia pode ser bem diversificada e variar de paciente para paciente. Além disso, você sabia que existe mais de um tipo de depressão?
Transtorno depressivo maior (depressão unipolar)
Esse é o tipo de depressão mais frequente e conhecida. Caracteriza-se por um quadro de humor deprimido com duração mínima de duas semanas, com perda de interesse e prazer, energia reduzida e diminuição das atividades. Em casos mais graves o sofrimento e a melancolia podem levar à incapacidade temporária, especialmente quando não tratada.
Distimia (transtorno depressivo persistente)
Podemos classificar a distimia como um tipo de depressão mais leve e duradoura. Ela é uma forma de depressão crônica, em que o humor deprimido persiste por pelo menos dois anos. Os sintomas característicos são humor deprimido, pouca energia, baixa autoestima, alterações no sono/apetite e desesperança. É comum as pessoas sofrerem por longos períodos com a distimia antes de serem diagnosticadas, por ela ser mais duradoura e apresentar sintomas mais leves que o Transtorno Depressivo Maior.
Depressão pós-parto
A depressão pós-parto pode aparecer nas primeiras semanas após o nascimento do bebê, ou até mesmo durante a gestação. Os sintomas incluem tristeza profunda, cansaço e ansiedade, dificultando os cuidados que a mãe precisa ter com o bebê e consigo mesma. A ansiedade sentida na depressão pós-parto é muito mais profunda do que a sensação normal de apreensão, que normalmente desaparece em algumas semanas. A depressão pós-parto é muito mais comum do que se imagina e não precisa ser motivo de vergonha ou culpa. O ideal é buscar ajuda psicológica especializada para que a mãe consiga passar por esse momento.
Transtorno disfórico pré-menstrual
Conhecida como TDPM, surge quase todos os meses no período que antecede a menstruação e deve cessar quando o ciclo se inicia. Assim como a TPM, decorre de uma baixa de estrogênio (hormônio feminino). Os sintomas, no entanto, são muito mais severos do que a tensão pré-menstrual comum, a ponto de deixar a paciente incapaz de exercer atividades, em função da tristeza, irritabilidade, necessidade de isolamento e muita indisposição.
Depressão psicótica
Pode ser decorrente de uma depressão mais grave e inclui sintomas psicóticos. Ou seja, o paciente pode apresentar delírios ou alucinações. Esses sintomas psicóticos podem ter fundos depressivos. Por exemplo, delírios de culpa ou de estar doente. Podem surgir também conteúdos persecutórios, no qual o paciente acredita que está sendo atormentado, seguido, enganado, espionado ou ridicularizado.
Transtorno afetivo sazonal
Conhecida como depressão de inverno, esse tipo de depressão costuma se manifestar durante as estações mais frias do ano. Ocorre quando há menos luz natural, sobretudo em países com o clima temperado, onde os dias sem sol são mais longos. O transtorno afetivo sazonal costuma se repetir em todos os invernos. Os sintomas incluem isolamento social, sono excessivo e ganho de peso.
Depressão bipolar
O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) se diferencia da depressão, pois apresenta os episódios de mudanças de humor. Mas no TAB a pessoa também experimenta episódios de humor extremamente deprimido que satisfazem os critérios para depressão maior. O que muda é que no caso do TAB o paciente vai de um extremo de humor ao outro em intervalos de tempo cíclicos e recorrentes. Caracteriza-se pela alternância de estados de humor deprimido com períodos de humor elevado ou irritadiço, chamado “mania” ou sua forma mais amena, chamada “hipomania”.
Transtorno depressivo induzido por substâncias
Neste caso, o quadro depressivo está associado ao consumo de substâncias e/ou medicamentos. É caracterizado por apresentar os sintomas de um transtorno depressivo, desde que não tenham se manifestado antes do uso da substância. Surge no período de um mês após a intoxicação ou abstinência, causando sofrimento significativo.
Dez dicas para enfrentar a depressão:
- Admita que você tem um problema e se comprometa a buscar sua melhora;
- Converse sobre seus sentimentos com pessoas que você confia;
- Procure ajuda. Busque um profissional qualificado para lhe auxiliar a superar esse momento;
- Mantenha contato com seus amigos e familiares mesmo quando sentir vontade de se isolar. Eles são sua rede de apoio;
- Faça exercícios regularmente. Eles estimulam a produção dos hormônios da felicidade no cérebro, conhecidas como endorfinas, que causam uma melhora em seu humor. Uma caminhada diária já ajuda;
- Procure manter hábitos alimentares e de sono regulares. A rotina é importante tanto para o corpo quanto para a mente;
- Evite fazer uso de substâncias químicas, pois podem piorar a depressão;
- Mesmo quando não estiver com vontade, tente fazer coisas que sempre gostou e te deram prazer;
- Mentalize que esse momento irá passar. Faça um plano daquilo que deseja construir para si, emocionalmente, mentalmente e fisicamente. Planeje pequenos passos para chegar lá;
- Observe seus pensamentos negativos e a autocrítica. Cultive pensamentos alternativos, de autocompaixão e autoconfiança. Mesmo quando o que consegue fazer parecer pouco para você, se valorize e parabenize por suas conquistas.
Como a medicação ajuda na depressão?
O uso de antidepressivos pode ser indicado principalmente nos casos depressivos moderados e graves, como complementares ao tratamento de psicoterapia. É feita uma avaliação com psiquiatra para verificar a necessidade de dar início ao tratamento farmacológico. Os medicamentos utilizados para depressão são chamados de antidepressivos. Eles atuam na regulação dos neurotransmissores no cérebro (serotonina, dopamina e noradrenalina) que costumam estar diminuídos quando há depressão, causando a sensação de exaustão e desânimo.
Por que procurar o psicólogo no tratamento da depressão?
Muitas vezes a pessoa com depressão tem dificuldade em perceber a necessidade de buscar ajuda e acha que pode lidar com o transtorno por conta própria. Muitas vezes o que acontece é que isso adia o processo de melhora e acaba agravando o quadro depressivo. A família e os amigos são aliados importantes nos momentos difíceis, mas é necessário contar com o apoio de profissionais capacitados que auxiliam na recuperação.
A terapia é parte fundamental de qualquer tratamento para depressão. O psicólogo ajuda a identificar as origens do problema, muitas vezes desconhecidos até mesmo para o paciente. A terapia é um processo gradual de autoconhecimento e amadurecimento emocional. Através dela é possível o fortalecimento das estruturas psíquicas utilizadas para lidar com os conflitos internos e com a realidade. Na medida em que os problemas forem trabalhados na terapia, o paciente deve sentir alívio dos sintomas, além de desenvolver novas habilidades e ferramentas de enfrentamento.
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