Mini manual da autoestima
Você sabe o que está por trás da baixa autoestima?
De acordo com o dicionário, a autoestima é definida como “valorização de si mesmo, amor próprio”. A autoestima pode ser entendida como a avaliação positiva ou negativa que uma pessoa faz de si mesma. Ela é formada por um conjunto de fatores compostos por emoções, ações, crenças, comportamentos ou qualquer outro tipo de conhecimento de si próprio. A autoestima saudável é um sentimento de auto respeito e certeza do próprio valor pessoal, que gera o sentimento de satisfação de sermos nós mesmos. A partir desses elementos é possível observar a capacidade que o sujeito tem para enfrentar as demandas que surgem em sua vida, sejam elas boas ou ruins. Quando se tem uma autoestima elevada, a pessoa não precisa despender seu tempo e energia preocupada em agradar, com medo de ser julgada ou tentando impressionar os outros.
Situações que podem levar à baixa autoestima:
- Superproteção dos pais, avós ou irmãos mais velhos;
- Palavras que magoam;
- Excesso de liberdade;
- Controle através da culpa ou vergonha;
- Críticas constantes;
- Fracasso escolar;
- Disciplina inconstante;
- Não receber elogios e incentivos;
- Violência física ou psicológica.
Formação da autoestima
Autoestima na infância
A autoestima começa a se constituir na infância, nos primeiros anos de vida. O seu desenvolvimento inicia desde as experiências do bebê e suas trocas afetivas no dia a dia. Os registros para formação da autoestima já estão sendo criados nos primeiros contatos com a mãe, através do seu olhar, da forma como toca no bebê, coloca no colo e o amamenta. Depois, essa criança passa a ter essas trocas com o pai e com outros membros que interagem com ela, ampliando sua rede (conforme cresce e passa a ter mais autonomia) nas relações com seus pares na escolinha, com as professoras, entre outras. Assim, os vínculos que se estabelecem nessa etapa do desenvolvimento têm uma grande importância na constituição da personalidade e da autoestima, podendo exercer uma influência tanto positiva quanto negativa.
A criança percebe a reação das pessoas diante de suas ações, observa como é tratada e o que esperam dela. A partir desses processos de espelhamento e identificação, ela começa a aprender mais sobre si mesma e a valorizar a interação com o meio social. Essas experiências precoces vividas na infância, vão influenciar no desenvolvimento de uma autoestima elevada ou uma baixa autoestima. Portanto, algumas atitudes de pessoas próximas podem influenciar de uma maneira a gerar um senso de autoconfiança e auto eficácia na criança, quando ela percebe que é valorizada, reconhecida e que há espaço para experimentar e desenvolver suas potencialidades. Porém, alguns acontecimentos, por sua vez, podem atrapalhar a construção de uma autoestima saudável. Por exemplo, nas situações em que a criança é humilhada, alvo de piadas, ridicularizada ou diminuída. Essas vivências podem interferir negativamente na autoestima, com grandes possibilidades de levar ao que chamamos de baixa autoestima.
Autoestima na adolescência
A adolescência é um período de transição entre a infância e a vida adulta, por isso é uma fase de transformações e também de muita importância no desenvolvimento emocional. Assim, a autoestima que foi construída durante toda a infância, poderá neste estágio, influenciar no posicionamento acadêmico e nas relações com seus pares.
Quando o sujeito nessa fase da vida se encontra com baixa autoestima, poderá desenvolver sintomas de ansiedade e depressão. Com isso, pode apresentar isolamento, insegurança, medos e dificuldade de lidar com as mudanças físicas e psíquicas próprias dessa etapa da vida. Na adolescência, pertencer a um grupo em que o jovem se identifica e se sente aceito e querido é crucial para consolidar uma autoestima saudável ou até fortalecer uma autoestima que vinha se constituindo com algumas fragilidades.
Quando a pessoa passa pela infância e adolescência tendo suas necessidades emocionais básicas sendo supridas de maneira satisfatória, a tendência é que ela apresente uma boa autoestima na vida adulta, gerando um bom autoconceito, sentimento de autoconfiança, sensação de autonomia e uma imagem positiva sobre si mesma.
Autoestima na vida adulta
A autoestima na vida adulta será resultado dos processos de desenvolvimento da autoestima durante os estágios anteriores. A pessoa com uma boa autoestima, que teve suas dificuldades acolhidas e suas capacidades elogiadas e valorizadas, tende a ser mais criativa, desenvolver uma maior resiliência e acreditar em si mesma, inclusive nos momentos difíceis.
Por outro lado, a pessoa com baixa autoestima tem prejuízo significativo na saúde mental, pois ela interfere no convívio social, podendo impedir que objetivos sejam cumpridos e na realizações de metas. No entanto, mesmo que você tenha vivido uma infância ou adolescência sem as condições necessárias para uma autoestima saudável, enquanto adulto, poderá trabalhar na elevação da autoestima.
Para isso, é possível utilizar algumas estratégias que busquem a reparação das falhas e distorções presentes no conceito que tem acerca de si mesmo. A autoestima saudável é uma construção que pode ser feita em qualquer etapa da vida.
Como reconhecer a baixa autoestima?
A baixa autoestima está ligada às dificuldades na autoaceitação e amor próprio. Quando uma pessoa tem baixa autoestima, ela apresenta insegurança para realizar as tarefas do dia a dia e para se relacionar. Confira outras dificuldades enfrentadas por quem tem uma baixa autoestima:
Sinais de baixa autoestima:
- Perfeccionismo;
- Falta de confiança em si;
- Procrastinação;
- Comparações em excesso;
- Medo da rejeição;
- Temor pelo futuro;
- Tendência a se isolar;
- Dificuldade de reconhecer suas conquistas e vitórias;
- Tendência a culpar outras pessoas pelos próprios erros.
Estratégias para desenvolver uma boa autoestima:
Existem três aspectos importantes para desenvolver uma boa autoestima, que chamamos de Tripé da Autoestima. Ele é composto pelo autoconceito, autorrespeito e autoconfiança.
O autoconceito diz respeito à visão que temos de quem somos e do que acreditamos sermos capazes de fazer. São os pensamentos e crenças que acumulados ao longo da vida sobre nosso próprio valor e competência, podendo refletir em atitudes positivas ou negativas em relação a nós mesmos. Alguns pensamentos que reforçam uma autoestima saudável são: tenho minha própria beleza, sou capaz, sou determinada, persisto apesar das dificuldades, cada pessoa tem um história de vida diferente, então não preciso me comparar.
O autorrespeito refere-se à estima de um indivíduo por si próprio. É o que sentimos sobre quem somos, o afeto que é direcionado à própria pessoa. Há no ser humano, uma tendência de acreditar naquilo que é repetido a si mesmo todos os dias. Por isso, além dos pensamentos, os sentimentos que nutrimos sobre nós mesmos também tem uma grande influência na autoestima. Quando respeitamos nossos valores, nossas necessidades e nosso jeito de ser, demonstramos o quanto nos valorizamos. Também conhecido como amor próprio, o autorrespeito impacta diretamente na nossa autoestima.
A auto confiança é a forma como me comporto no mundo. Quando capaz de sentir orgulho de quem estou me tornando, tenho uma tendência a me sentir mais auto confiante. Se me orgulho de quem eu sou e aceito trabalhar minhas limitações, consequentemente tenho uma atitude de enfrentamento e não preciso me esquivar dos eventos. Quanto mais me conheço e sei que consigo lidar com algumas situações desafiadoras, mais percebo quando sou capaz de superar meus próprios limites. A auto confiança anda de mãos dadas com uma autoestima elevada.
Dicas práticas para uma autoestima saudável:
- Fortalecimento dos comportamentos positivos: Reconheço e valorizo os acontecimentos positivos como conquistas e superações e me recompenso pelos meus esforços;
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Desenvolvimento de iniciativa e pró-atividade: Busco desenvolver a consciência de que sou capaz de tomar as decisões e realizar meus desejos;
- Favorecimento da positividade: Me permito ter sentimentos de bem-estar, satisfação, realização e felicidade;
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Auto aceitação e amor próprio: Me conscientizo de que todas as pessoas têm suas próprias características e peculiaridades, mas que isto não é um problema. Quando me aceito como sou, não sou mais dependente da aceitação dos outros. Aprendo a me reconhecer e me amar por aquilo que sou;
- Prática do autocuidado: Percebo quais são minhas necessidades e procuro ajuda quando é necessário.
Por que procurar o psicólogo no tratamento da baixa autoestima?
Como vimos, a baixa autoestima pode ser resumida como um autoconceito negativo sobre si mesmo. Essa visão acaba levando ao senso de incapacidade, desvalorização, desmerecimento, desencorajamento e cria a impressão de que o sujeito é inferior aos outros. O psicólogo irá ajudar o paciente a identificar esses pensamentos, buscando a origem da distorção cognitiva. A terapia também se propõe a liberar a carga afetiva e ressignificar as experiências negativas vividas ao longo da vida. Assim, além de conhecer melhor a si mesmo e revisitar a sua própria história, o paciente terá a oportunidade de desenvolver padrões mais positivos sobre como se relacionar e tratar a si mesmo.
Portanto, o processo terapêutico através da utilização de diversas técnicas, possibilita ao paciente desenvolver a capacidade de reconhecer suas qualidades e praticar o acolhimento das emoções . Além disso, com a terapia a pessoa passa a escolher relações que a valorizam e respeitam, ao invés daquelas que repetiriam as possíveis violências simbólicas vividas ao longo do desenvolvimento. Concluindo, uma maneira duradoura e eficaz para fortalecer a autoestima é através da psicoterapia.
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2 Comments
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Muito bom.
Me encaixei , com tudo nessse texto. Espero conseguir vencer isso🙏